sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O que é autoplágio

Segundo a Wikipédia:

Plágio é o ato de assinar ou apresentar uma obra intelectual de qualquer natureza (texto, música, obra pictórica, fotografia, obra audiovisual, etc) contendo partes de uma obra que pertença a outra pessoa sem colocar os créditos para o autor original. No ato de plágio, o plagiador se apropria indevidamente da obra intelectual de outra pessoa, assumindo a autoria da mesma.

Autoplágio ocorre quando uma pessoa apresenta uma obra com partes de outra obra de própria autoria, sem qualquer referência a obra anterior. Enquanto o plágio é crime, o autoplágio é apenas antiético, a não ser que os direitos da primeira obra não sejam mais do autor.

No meio científico, a expressão autoplágio é generalizada para a dupla exposição do mesmo trabalho (mesma ideia) sem diferenças semânticas significativas (mesma solução) entre as versões, mesmo que toda a sintaxe do texto seja diferente. A princípio, este autoplágio científico não é nem antiético, nem crime, e poderia ser uma boa forma de divulgação dos trabalhos de uma pessoa. No entanto, como a CAPES avalia a produtividade de seus cientistas pelo número de publicações e não pelo conteúdo / qualidade delas, o autoplágio torna-se um meio de burlar a avaliação do sistema. Apesar da maioria dos pesquisadores repudiar o autoplágio de ideias, não é raro ver o mesmo trabalho sendo publicado em dois ou mais lugares diferentes.  

Assume-se que um artigo científico possui uma contribuição, que pode ser uma ideia totalmente nova, um estudo / avaliação / classificação aprofundado ou uma variação de uma ideia. De qualquer forma, o artigo cientifico deve possuir pelo menos 30% em contribuições originais. Ao publicar duas vezes a mesma ideia e a mesma solução com palavras diferentes e sem que uma referencie a outra, o autor está brincando com a comunidade científica, que não deveria ter deixado passar um dos artigos na revisão. Infelizmente, depois de publicado, não há o que fazer a não ser taxar o pesquisador como não ético.

Plágio sempre será um crime, mas talvez um dia, quando a CAPES mudar a forma de avaliação dos cientistas para algo qualitativo,   o autoplágio de ideias torne-se ético e possa ser utilizado como forma de divulgação dos trabalhos do cientista.

2 comentários:

  1. Mas é quando é produtos distintos, como a publicação em um evento, para discutir o trabalho, e depois com adequações a uma revista. Mesmo sendo produtos distintos evento e artigo, configuraria autoplágio? Você conhece alguma normativa sobre isso?

    ResponderExcluir
  2. Na mesma linha, e um pouco menos conhecido ou reconhecido, vem o auto-plágio, que é a cópia de trechos ou de textos inteiros do próprio pesquisador, que faz um copy-paste de material de sua autoria e replica em vários artigos que têm a mesma cara, concordam em mais de 80% de conteudo, e são submetidos a veiculos e fóruns diferentes, com chances de serem aceitos. Aumentando, dessa forma, o volume de publicações do pesquisador, sem contudo adicionar nada à geração de conhecimento novo. Algumas revistas cientificas já reconhecem o auto-plágio como uma forma de plágio, e já há restrições do tipo “o máximo permitido é de 75% de concordância de texto com outro artigo do mesmo autor”. De experiência própria, participei há alguns anos como revisor de artigos para uma conferência no Brasil, e quatro artigos com mais de 90% de concordância no texto estavam entre os que eu tinha que analisar. Mudavam o título do artigo, alguns dos autores e co-autores (uns dois ou tres se mantinham), e algumas mudanças quase imperceptiveis no texto e nas conclusões. Fizeram um template de artigo com tudo pronto, mudaram apenas a área de aplicação da técnica descrita, e para cada aplicação diferente submeteram um artigo. Hoje, isso é considerado plágio, certamente motivado pelo publish-or-perish.
    Divulguem o assunto plágio como puderem, acho que é uma parte importante das novas gerações que não estão tendo a oportunidade de serem devidamente expostos ao problema.
    (este artigo foi escrito por zeluisbraga, no blog zeluisbraga . wordpress . com)

    ResponderExcluir